Desafiando o Rio-Mar: Flutuante Aranapu/Flutuante Horizonte
Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”. (Henry Ford)
Hiram Reis e Silva (*)
- Largada para o Flutuante Horizonte
O Cláudio chegou às 6h45min, quinze minutos antes do combinado; atrelamos nossos caiaques à sua ‘rabeta’ e nos dirigimos à boca do Aranapu. O motor de 5,5 HP gemia contra a correnteza forte, o que determinou uma velocidade média de 6,5 km/h. Partimos para nossa jornada, a remo, às 7h50min, com um ritmo calmo, tendo em vista que o objetivo se encontrava a mais de 60 km de distância.
- ‘Paraná’ Envira
Às 9h30min, depois de aportarmos numa pequena praia próxima ao furo que eu procurava para encurtar o percurso, saí para fazer um reconhecimento e confirmei se tratar do ‘furo’. A foto do satélite mostrava uma foz de aproximadamente um quilômetro, que o terreno totalmente assoreado reduzira a uma centena de metros. O areal e a vegetação de imbaúbas e capins indicavam que essas alterações na geografia eram recentes. Depois de um breve repouso entramos no furo, confirmando nossa tese com um ribeirinho que navegava em nossa direção. As praias da margem esquerda estavam tomadas por enormes bandos de gaivotas que, incomodadas com nossa presença, iniciaram uma estridente revoada, quebrando a monotonia dos sons da floresta.
- Outro Furo
Depois da segunda parada, aproximamo-nos de um furo com uns 500 metros de largura, aproximadamente. Como a correnteza que penetrava por ele era bastante forte, decidi alterar a rota inicial e percorrê-lo. Foi uma bela escolha e mais uma vez reduzimos significativamente o percurso. Na saída do furo, novamente no Solimões, paramos numa praia para descansar e reconhecer o terreno.
- Flutuante Horizonte
De acordo com as coordenadas enviadas pelo Instituto Mamirauá, o flutuante se encontrava a apenas 11 km de distância, na margem direita. Dirigimo-nos ao local marcado e, chegando à comunidade Novo Horizonte, fomos informados de que o Flutuante tinha sido transferido para a margem esquerda, em frente, a 4 km na margem direita. A correnteza, no local, era muito forte e seria extremamente extenuante nos deslocarmos até ele depois de remar mais de 60 km. Felizmente, o zelador, Isvon, encontrava-se na comunidade e rebocou os caiques até o flutuante. Descarregamos os pertences e coloquei a ‘malhadeira’ (rede de pesca) na esperança de uma alteração no nosso cardápio.
- Família do Isvon
O Isvon foi buscar a esposa Helen Mara e seu hiper-ativo filho, quebrando nossa nostálgica rotina. A retirada da rede foi uma festa; um pequeno poraquê e uma arraia foram imediatamente devolvidos ao rio e as três branquinhas, a pescada e a cachorra foram preparadas pela Helen para nosso jantar. O Isvon me presenteou com sua camisa de manga comprida, para me proteger das queimaduras solares e dos mosquitos, e eu retribui com uma lanterna (acoplada com rádio, alarme e carregador de celular) que dispensa pilhas sendo recarregada por um dínamo.
(*) Coronel de Engenharia; professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB); presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)
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