"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Poluição e infertilidade

Instituto Humanitas Unisinos - 21/01/09

O aumento das taxas de infertilidade masculina detectadas nas populações e o declínio registrado na contagem de espermatozóides humanos podem estar relacionados a produtos químicos lançados no meio ambiente, um novo estudo revelou. Algumas dessas substâncias, conhecidas como antiandrogênios, bloqueiam a ação da testosterona, o hormônio sexual masculino.

A reportagem é de Steve Connor, publicada pelo jornal Independent e reproduzida pelo jornal O Globo, 21-01-2009.

Cientistas identificaram um grupo de poluentes presentes em águas de rios capazes de suspender completamente a ação da testosterona. Esses mesmos antiandrogênios já tinham sido relacionados, num outro estudo, à feminização de peixes nos rios do Reino Unido e podem afetar o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos masculinos em seres humanos.

O estudo estabeleceu uma ligação entre antiandrogênios lançados em rios a partir do vazamento de esgotos e anormalidades em peixes, com machos desenvolvendo órgãos reprodutores femininos.

É a primeira vez que essas substâncias e peixes hermafroditas são ligados dessa forma.

Até então, pensava-se que outra classe de substâncias químicas, que imitam o efeito do estrogênio, o hormônio sexual feminino, era responsável por essas mudanças nos peixes. Entretanto, pesquisas recentes já indicavam que a causa para essa anormalidade poderia ser mais complexa, sendo o resultado de uma interação entre diferentes agentes poluidores.

— Nós identificamos um novo grupo de substâncias químicas no estudo sobre esses peixes, mas ainda não sabemos de onde eles vêm ou mesmo que são — diz a doutora Susan Jobling, da Universidade de Brunel, uma das autoras do estudo, junto com pesquisadores das universidades de Exeter e Reading, e do Centro de Ecologia e Hidrologia, de Wallingford.

— Até agora, só conseguimos verificar sua capacidade de bloquear os efeitos da testosterona.

No estudo, publicado no jornal “Environmental Health Perspectives”, os cientistas estudaram a atividade dos antiandrogênios a partir de amostras da água de rio recolhidas próximo a 30 esgotos. Eles conseguiram demonstrar, através de estatísticas, que os esgotos podem estar ligados ao surgimento de peixes hermafroditas no mesmo rio.

De acordo com a pesquisadora, existem diversas substâncias químicas, amplamente usadas na área farmacêutica e de pesticidas, que são conhecidas por terem atividade antiandrogênicas. Algumas são usadas no tratamento do câncer de próstata.

Grandes níveis de substâncias antiandrogênicas foram encontradas nessas amostras, sugerindo que tenham origens domésticas. Mas os cientistas não descartam que elas sejam originárias de atividades agrícolas, vazando em direção aos rios.

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