No momento em que o ruído das armas deixa de ser ouvido, o custo humano de três semanas de carnificina recém começa a tomar forma.
Depois de 23 dias de bombardeios e disparos de artilharia, os habitantes de Gaza começam a buscar os seus mortos e desaparecidos entre as ruínas dos seus lares. O número de vítimas fatais palestinas no momento do cessar-fogo alcança o número de 1.300; 410 delas eram crianças. Os feridos, mais de 5.300.
A reportagem é de Kim Sengupta, publicada no jornal Página/12, 19-01-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“Aqui, há história ainda não contadas que devem ser buscadas entre os escombros para que saiam à luz. É impossível saber quanto tempo essa tarefa vai levar”, indica Chris Gunness, porta-voz da Agência da ONU para os palestinos (Unrwa).
“Enfrentamos destruições massivas. Dos nossos 200 postos, 53 foram reduzidas a cinzas, entre eles o nosso quartel general, queimado desde a sua base pelas bombas israelenses de fósforo branco”, explica. “Temos que alimentar 50 mil pessoas aqui em Gaza e não sabemos como chegaremos até elas”, lamenta o trabalhador humanitário.
A família Shahadeh se prepara para abandonar a cidade de Gaza e voltar para a sua casa em Beit Lahiya, no norte. “Disseram-me que os demônios já se foram. Vou voltar para ver como eu começo do zero. Não tenho outra opção”, declara Riyadh, pai de família.
Supõe-se que as aulas iam começar novamente esta semana, mas muitas escolas, incluídas as da ONU, já não existem. “Encontramos nossos livros e mesas despedaçados pelas bombas. Os israelenses fizeram isso porque não querem que tenhamos uma educação. Para eles, somos o inimigo”, sentencia Mohammed Yayya, de 15 anos.
“As crianças pagaram o custo mais alto nesse conflito. Muitas delas passaram semanas com frio, fome, privadas de água e de atenção médica, vendo só mortes ao seu redor”, conclui Kate Redman, da organização Save the Children.
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