O Santander , maior banco da Espanha, encheu Bernard Madoff de elogios semanas antes de sua prisão pela suposta fraude de US$ 50 bilhões, chamando de "impecável" seu conhecimento sobre o momento para se entrar e sair do mercado, em informe para investidores. Advogados sustentam que o relatório levanta dúvidas sobre os controles de risco do banco.
A reportagem é de Joanna Chung, Victor Mallet e Brooke Masters, publicada pelo Financial Times e reproduzida pelo jornal Valor, 23-01-2009.
Administradores de recursos da divisão de investimentos no fundo hedge Optimal, pertencente ao banco espanhol, cujos clientes estão entre os mais prejudicados no escândalo, disseram a investidores institucionais estar impressionados com sua capacidade de "encontrar pontos de entrada e saída ótimos, para benefício dos investidores".
A revelação do conteúdo do informe traz suspeita sobre a efetividade das operações de gestão de risco e de análise das contas. Alguns advogados disseram que informes de fundos como o do Optimal poderiam dar munição para investidores que querem processar terceiros que lhes venderam o fundo Madoff.
"Os documentos serão devastadores", afirmou o advogado Jacob Zamansky, representando clientes que pensam tomar medidas legais contra o Banco Santander, entre outros. Ontem, uma firma de advocacia espanhola informou que negociará com o banco em nome de um grupo de cem clientes espanhóis e latino-americanos afetados pelo escândalo.
Fundos hedge, bancos e gestores de recursos que investiram recursos no esquema de pirâmide financeira de Madoff divulgaram avaliações similarmente positivas sobre seu desempenho, de acordo com processos de investidores nos Estados Unidos.
O banco espanhol é o maior da região do euro, em termos de valor de mercado, e seu presidente do conselho de administração, Emilio Botín, há muito se vangloria por seus controles de risco.
O relatório para investidores informava que o Strategic US Equity Fund, do Optimal, integralmente investido com Madoff, tinha um valor de 3,21 bilhões de euros no fim de setembro. Deste então, o Santander admitiu que as perdas dos clientes chegaram a 2,33 bilhões de euros.
Executivos de banco de investimento espanhóis disseram que o Santander estava preocupado com o nível de exposição do Optimal aos investimentos de Madoff a ponto de enviar Rodrigo Echenique, diretor do banco, para reunir-se com o suposto fraudador em 27 de novembro.
O que ocorreu no encontro é incerto. Um cliente do Santander acredita que o banco tentou resgatar os fundos do Optimal e que isso pode ter levado Madoff a supostamente confessar a fraude a seus filhos. Um executivo a par do encontro, contudo, descreveu-o como inspeção de "rotina".
O Santander não quis comentar os documentos.
Um comentário:
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