Coluna Econômica - 12/03/2009
Ontem o governo da Nova Zelândia cortou os juros básicos em 3 pontos percentuais. A taxa era de 6,5% ao ano, caiu para 3,5%.
Enquanto isto, com a produção industrial registrando quedas recordes, com o PIB do quarto trimestre de 2008 mostrando queda recorde, com os preços sob controle, reunido ontem o Copom (Comitê de Política Monetária) resolveu reduzir a taxa Selic em apenas 1,5 ponto percentual, caindo para ainda expressivos 11,25% ao ano.
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Durante a tarde, a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgou um estudo comparativo entre as diversas economias mundiais. Constatou que a queda do PIB (Produto Interno Bruto) brasileira foi a segunda maior do mundo, desde o início da retração da economia global. Saiu de um crescimento de 1,7% no terceiro trimestre para uma queda de 3,6% no quarto.
Mesmo assim, não se identificava uma recessão clássica, daquelas definidas nos livros-texto.
Alguns dias atrás, o economista Yoshiaki Nakano havia identificado bem as razões da expressiva queda dos investimentos e da produção industrial nos últimos meses.
Constatou que houve queda discreta no consumo e praticamente nenhuma queda em serviços.
Qual a razão, então, de queda tão grande? Dois motivos, segundo ele. Primeiro, o corte repentino das linhas externas, que apavorou as empresas, muitas delas enroladas com operações especulativas. Depois, as altas taxas de juros do Banco Central, que aprofundaram o temor geral das empresas.
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Criou-se, então, a situação estranha do consumo se manter, dos serviços conservarem o dinamismo e da indústria parar.
Em um segundo momento, o que era um reflexo psicológico transforma-se em crise de fato. As empresas demitem, aumenta o desemprego, reduzem as encomendas, afetam a cadeia produtiva gerando mais desemprego. E aí a demanda passa a ser afetada, de fato.
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O governo, através do Ministério da Fazenda, conseguiu ser rápido em várias frentes.
O movimento falhou justamente devido ao Banco Central e sua inacreditável incapacidade de entender a economia em tempo real. Em dezembro, quando a atividade econômica despencava - conforme os dados confirmam, agora - o BC falava em “atividade robusta”, porque só conseguia enxergar a economia através dos dados oficiais - que em média refletem o que se passou dois ou três meses antes.
Para ter o pulso da economia no momento, é necessário um conhecimento e uma experiência que passam ao largo do BC. Seus diretores conversam apenas com o mercado - entendido por tal os gestores de fundos e os economistas ligados a instituições financeiras. São capazes de conversar com o economista do Bradesco, não com o presidente do banco. Jamais conversaram com donos de supermercados, com diretores de siderúrgica, com entidades da construção civil, com executivos de multinacionais para saberem o que se passava no presente.
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Com isso, sempre correm atrás dos fatos. Conseguiram transformar a marolinha em uma crise. Era hora de uma queda de 3 pontos na Selic, algo que produzisse impacto.
Com um ano de atraso, derrubam a taxa em apenas 1,5 ponto.
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