"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, março 13, 2009

O avanço do crime organizado

Blog do Luis Nassif - 09/03/09

Matéria do Fausto Macedo, do Estadão, sobre os inquéritos da Polícia Federal contra o delegado Protógenes (clique aqui).

É um massacre. Agora, pretende-se abrir o sigilo dos telefones de Protógenes durante cinco meses. Ou seja, podem ser encontrados arapongas ilegalmente contratados. Mas o objetivo maior é revelar suas fontes, seus contatos e todo o sistema montado para o combate ao crime organizado.

“O acesso aos contatos reservados do delegado é o passo final da PF no cerco que realiza a Protógenes. O rastreamento pedido à Justiça Federal abrange todas as suas linhas fixas e móveis”.

Depois, esses relatórios são vazados para publicações envolvidas em suspeitas de crime - como a Veja - que ficam donas do escândalo, dando a interpretação que bem entenderem aos fatos apurados.

Todo um sistema de combate ao crime organizado está sendo desarticulado com essa ação. Todos os avanços obtidos na integração dos diversos órgãos de combate ao crime serão desmontados, com o nome de agentes, fiscais, funcionários do BC e da COAF sendo revelados, assim como ocorreu com os da ABIN (Agência Brasileira da Inteligência).

O relatório da PF está sendo vazado por todos os cantos. Para a Veja, provavelmente pelo delegado Itagiba, da CPI dos Grampos. Para Fausto Macedo, as fontes são da própria Polícia Federal.

Diz a matéria:

“A PF já produziu três relatórios confidenciais sobre Protógenes. Os documentos formam a principal prova contra o delegado, que deverá ser indiciado criminalmente. Documento interno da corporação indica envolvimento do criador da Satiagraha em “delitos de extrema gravidade” - vazamento de informações antes da deflagração da operação; ocorrência de gravações clandestinas de vídeo e áudio; filmagens e interceptação de conversas telefônicas e possível escuta ambiental; uso de senhas concedidas exclusivamente a agentes da PF, mas intensamente utilizadas por servidores da Abin.

Outro relatório confidencial da PF aponta em 12 páginas como o delegado agiu sem respaldo judicial e mobilizou agentes e oficiais da Abin para a Satiagraha. São transcritos trechos de depoimentos de arapongas e colegas do próprio Protógenes“.

Ou seja, informações vazadas pela PF acusam Protógenes de vazar informações.

O curioso é que a maior acusação contra Protógenes é a de ter feito escutas sem autorização judicial - isto é, sem que o juiz De Sanctis soubesse. Mas a revista Veja faz questão de envolver nas irregularidades o juiz De Sanctis e o Ministério Público, com o óbvio intuito de livrar Daniel Dantas.

Não sei se Protógenes é inocente ou culpado do que lhe imputam. Mas tenho certeza absoluta de que todo esse jogo de cena não visa o delegado, mas matar ou, pelo menos, capar as conclusões da Operação Satiagraha.

Comentário

Na matéria, uma entrevista de Fausto Macedo com Protógenes, onde o delegado não responde a nenhuma das acusações exploradas pela revista. Como leitor, fiquei em dúvida: ele está fugindo do tema? Depois, vai-se conferir, a entrevista foi feita depois de uma sessão na Assembléia Legislativa. Como li no PHA que Protógenes tomou conhecimento da reportagem no aeroporto, a caminho de Porto de Galinhas, entendi que a entrevista foi feita antes das denúncias. Os leitores do Estadão não foram informados desse detalhe.

Nenhum comentário: