Os empregadores americanos eliminaram 651 mil postos de trabalho em fevereiro, levando a taxa de desemprego para 8,1%, o maior patamar desde dezembro de 1983, em mais um sinal de que a recessão não está prestes a acabar. Foi o 14o mês consecutivo de fechamento de postos de trabalho.
A reportagem é do jornal O Globo, 07-03-2009.
O presidente americano, Barack Obama, considerou os dados espantosos e afirmou que esse não é o futuro aceitável para os Estados Unidos.
Analistas esperavam corte de 648 mil vagas e que o índice avançasse dos 7,6% de janeiro para 7,9%. O Departamento do Trabalho informou que o número de desempregados aumentou em 851 mil no mês passado, para 12,5 milhões.
Além disso, desde o início da recessão, em dezembro de 2007, a economia americana já perdeu 4,4 milhões de empregos — cifra classificada por Obama de espantosa —, sendo 2,6 milhões só nos últimos quatro meses.
— Esse não é um futuro aceitável para os Estados Unidos — disse o presidente. — Foi por isso que assinei o pacote de estímulo aprovado no mês passado pelo Congresso, com uma minúscula ajuda dos republicanos.
Revisado, dado de dezembro é o pior desde 1949
Em discurso na Academia de Polícia de Columbus, no estado de Ohio, Obama defendeu ações ousadas para reativar a economia. Ele lembrou que 25 cadetes teriam ficado sem emprego no fim de janeiro se não fosse pelo pacote, que garantiu ao governo estadual a verba para mantê-los: — Por causa desse plano, histórias como a que celebramos aqui em Columbus logo acontecerão em todo o país. Isso toma tempo e requer paciência.
O presidente admitiu, no entanto, que os desafios da economia ainda são grandes.
— Herdamos uma enorme bagunça — afirmou.
O que mais surpreendeu os analistas foi a revisão acentuada dos cortes de dezembro e janeiro. O dado de janeiro foi revisto para 655 mil empregos, e o de dezembro, para 681 mil, o pior desde outubro de 1949.
O Departamento do Trabalho anunciou ontem ter colocado à disposição dos governos estaduais US$ 3,5 bilhões para financiar educação, treinamento e capacitação laboral.
A secretária do órgão, Hilda Solis, disse em nota que o governo fará o que for preciso para “levar os americanos de volta ao trabalho”.
Nesse quadro, as feiras de emprego têm lotado. Na quintafeira, o site especializado Monster.com promoveu uma em Manhattan, que atraiu 3.700 pessoas em busca de uma oportunidade. A espera na fila — para uma entrevista de apenas três minutos — chegava a uma hora e meia. No campus da Universidade de Miami-Dade, cerca de 2.800 pessoas fizeram fila embaixo do sol nos dois dias da feira de emprego.
Analista vê ‘dramática hemorragia dos empregos’
A presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, Christina Romer, admitiu que os dados do desemprego eram muito ruins.
Em entrevista ao canal de televisão CNBC, ela disse que não se podia destacar nada de positivo sobre os dados.
Para alguns analistas, o dado de ontem é só um sinal de que a queda do mercado de trabalho é a pior desde a Grande Depressão.
Eles lembram que a situação tende a se agravar porque as empresas, devido à queda na demanda, já que as pessoas não podem comprar, demitem mais ainda.
— A dramática hemorragia dos empregos significa que estamos nisso a longo prazo — disse Heidi Shierholz, do Economic Policy Institute, à CNN.
Os cortes de fevereiro foram bastante disseminados. Apenas as áreas de governo, educação e serviços de saúde registraram aumento de vagas. A indústria eliminou 168 mil vagas, e o setor de construção, 104 mil.
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