A decisão do Banco Central de reduzir em 1,5 ponto percentual a taxa básica de juros Selic significará, de imediato, uma economia de R$ 7,06 bilhões aos cofres públicos. Essa é a quantia que o governo deixará de pagar de encargos da dívida nos títulos públicos indexados a Selic, nos próximos 12 meses, segundo cálculos de Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
— Trata-se de um volume significativo. E essa economia virá caso a Selic seja mantida neste novo patamar nos próximos 12 meses. Como há a previsão de novos cortes de juros até o fim do ano, o alívio para os cofres públicos poderá ser até maior — afirma.
A reportagem é de Luciana Rodrigues e publicada pelo jornal O Globo, 12-03-2009.
Cresceu parcela de títulos indexados à Selic Hoje, a Selic corrige quase 40% da dívida pública federal.
Essa parcela chegou a ser de apenas 33% em março do ano passado. Mas, com o agravamento da crise internacional e a depreciação do real, os investidores passaram a privilegiar os títulos pós-fixados, ou seja, os papéis atrelados à Selic, explica Carlos Thadeu de Freitas, exdiretor do Banco Central.
Além de ter um impacto imediato sobre a parcela da dívida indexada à Selic, os especialistas explicam que a decisão de ontem do BC deverá reduzir as despesas do governo com os demais títulos públicos. Afinal, a Selic é o principal parâmetro de juros do mercado, e a tendência é que os investidores passem a cobrar menos, daqui para frente, para comprar os títulos do governo.
— Nos últimos meses, a dívida prefixada já estava pagando juros menores justamente porque havia a expectativa do mercado de um corte dos juros — explica Freitas.
O economista acredita, porém, que o BC deveria ter sido mais ousado na redução dos juros, com um corte de pelo menos dois pontos percentuais, diante do tamanho da contração recente da economia.
— Em cenários de retração forte, os juros têm de cair mais rapidamente para evitar uma inércia na economia. Ou seja, evitar o tipo de situação em que, diante de uma crise de confiança, o sujeito deixe de tomar um empréstimo hoje porque espera novos cortes de juros no futuro, quando então o crédito ficará ainda mais barato.
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