Os governos de Brasil e EUA estão mantendo contatos informais com o objetivo de fechar um futuro acordo comercial que aumente o fluxo de petróleo e derivados do Brasil para o vizinho do Norte, revelou ontem reportagem do “El País”. Segundo o jornal espanhol, o governo de Barack Obama já deixou clara sua intenção de aumentar consideravelmente as importações de petróleo brasileiro, com o objetivo de diminuir a dependência energética dos EUA em relação à Venezuela.
A reportagem é de Mônica Tavares e Eliane Oliveira e publicada pelo jornal O Globo, 10-03-2009.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse ontem que o Brasil tem interesse em ampliar os embarques de petróleo para o mercado americano.
Segundo o “El País”, o tema estaria na pauta de discussões entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Barack Obama, que se encontram em Washington no próximo sábado, mas a informação foi desmentida pelo chanceler brasileiro, Celso Amorim.
— O mundo inteiro quer comprar o nosso petróleo. Temos excesso de petróleo pesado. E Tupi e os poços (novos) vão produzir petróleo leve — disse Lobão, referindo-se à descoberta de campos de pré-sal.
Sobre a possibilidade de investimentos americanos no pré-sal, Lobão afirmou:
— Queremos investidores no pré-sal, venham de onde vierem. Se o acordo for concretizado, a consequência mais direta seria o deslocamento da Venezuela do mercado energético americano, o qual consome entre 40% e 70% da produção petrolífera venezuelana. Do total das importações americanas de petróleo, 11% provêm da Venezuela. Tudo dependerá da quantidade de petróleo que a Petrobras conseguirá produzir nos próximos anos dos poços do pré-sal.
Amorim sugere que EUA comprem o etanol brasileiro
Em Brasília, a prioridade do governo é garantir o abastecimento interno, deixando de depender de importações de petróleo. Uma vez que essa meta seja alcançada, a Petrobras vai disputar os mercados mundiais de petróleo e seus derivados. Por sua proximidade geográfica e a fluidez do diálogo político que já estabeleceu com seu novo presidente, os EUA se convertem em um grande comprador potencial do petróleo brasileiro.
Amorim aproveitou a oportunidade para defender o etanol brasileiro:
— Se os EUA têm necessidade diversificar sua matriz energética, que comprem o etanol e eliminem as barreiras às importações do produto. Essa fonte de energia tem efeitos positivos sobre o meio ambiente.
Ontem, o secretário de Agricultura, Tom Vilsack, disse que os EUA devem agir com rapidez para elevar a taxa de 10% de mistura de etanol à gasolina em dois ou três pontos percentuais.
Grupos agrícolas e de comercialização de etanol disseram que a proporção pode ser elevada para 15% ou 20% sem prejudicar os motores dos carros.
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