A crise econômica afetou mais a indústria de transformação de alta tecnologia do que a de baixa. Antes da turbulência, esses segmentos cresciam a taxas mais elevadas que os demais. Agora, sentem uma retração mais forte, porque seus produtos, mais elaborados, são mais penalizados pela queda na demanda mundial. Essa é a conclusão de análise do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
A reportagem é de Guilherme Barros e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo,08-03-2009.
A indústria de transformação em 2008 registrou um crescimento de 3,1%, quase a metade do alcançado em 2007, de 6%. O setor acumulava uma expansão de 6,4% até o terceiro trimestre, mas sentiu os impactos da crise e retraiu 6,2% no último trimestre.
Os segmentos classificados pela OCDE como de média-alta tecnologia -veículos, máquinas e equipamentos e produtos químicos, por exemplo- foram os mais afetados. Eles começaram 2008 com crescimento de 12,77% no primeiro trimestre e terminaram com uma queda de 12,74% nos últimos três meses do ano ante o mesmo período do ano anterior.
A indústria de alta tecnologia (aeronáutica, farmacêutica e ótica, entre outras) manteve um crescimento de 4,3% no último trimestre. A de média-baixa tecnologia (naval, borracha e plástico) teve queda de 6,67% e a de baixa (têxtil, alimentos e madeira), recuo de 3,24%.
O economista do Iedi Rogério Souza vê dois motivos principais para a retração mais forte nos produtos com maior uso de tecnologia. Como não são bens considerados essenciais, sentiram de forma mais forte a redução da demanda global.
O outro é que são setores que vinham com altas taxas de crescimento puxados pelo bom momento da economia pelo qual o Brasil passava antes da crise. Outros setores, como o têxtil e de alimentos, já apresentavam retração ou desaceleração da atividade antes da crise.
A exceção é o setor de alta tecnologia, que manteve o crescimento durante a crise. "O setor de aviação puxou o resultado desse segmento no final do ano passado, principalmente pela Embraer. Vamos agora aguardar o que vai acontecer neste ano com os cortes de produção na empresa. O ajuste na indústria ainda não acabou."
Nenhum comentário:
Postar um comentário