"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, março 13, 2009

EUA. Hispânicos na linha de tiro da crise econômica

Instituto Humanitas Unisinos - 08/03/09

A crise econômica está imprimindo um tom ainda mais dramático à situação dos imigrantes ilegais nos Estados Unidos. Uma pesquisa do Pew Hispanic Center revela que o desemprego na comunidade latinoamericana é maior do que entre a média dos americanos.

A reportagem é de Marília Martins e publicada pelo jornal O Globo, 08-03-2009.

No quarto trimestre de 2008, o desemprego entre hispânicos chegou a 8%, bem acima dos 5,1% registrados um ano antes, enquanto no mesmo período a média de americanos desempregados subiu de 4,6% para 6,6%.

Em janeiro de 2009, os números mantiveram a mesma diferença: os hispânicos estão perdendo postos de trabalho numa velocidade maior do que a da média da população, em todos os grandes centros urbanos.

Por que os hispânicos estão sendo mais atingidos? Esta pergunta fez com que dezenas de associações de defesa de direitos de trabalhadores imigrantes nos EUA começassem a questionar o governo Obama, para saber como as autoridades pretendem agir contra a xenofobia que ameaça cerca de 12 milhões de trabalhadores ilegais no país, e que conta inclusive com anúncios de rádio e TV pedindo aos consumidores que privilegiem produtos de empresas que dão empregos a americanos.

— Não é possível ter um debate aberto sobre desemprego nos EUA de hoje sem discutir a situação de 12 milhões de trabalhadores que estão no país sem documentos legais — avalia Janet Murguia, do National Council of La Raza, uma das maiores entidades de defesa de hispânicos nos EUA.

Entre as reivindicações dessas entidades está uma política menos repressora para o Departamento de Segurança Interna, sob a liderança de Janet Napolitano, pelo menos no sentido de mudar a classificação desses imigrantes como “ameaças à segurança nacional”, adotada pelo governo Bush depois do 11 de Setembro. O número de detentos em prisões e acampamentos para imigrantes ilegais aumentou 18% só em 2008, e mais de 150% desde 2001, o primeiro ano do governo Bush. As duas agências de repressão a imigrantes ilegais — Immigration and Customs Enforcement (ICE) e Customsand Border Enforcement (CBP), tiveram acréscimo em seus orçamentos de 19%, por pressão do Congresso, que quer manter a média de 960 mil detenções por ano, número atingido em 2007/2008.

E o governo gasta atualmente cerca de US$ 95 por dia com cada imigrante ilegal num centro de detenção.
Se os planos de reforçar a construção do muro na fronteira entre EUA e México — sobretudo em estados como Texas e Arizona— forem adiante, a previsão é de que aumente a pressão para processos mais rápidos de deportação, a fim de minimizar os custos com detenção. Entre os que respondem atualmente a processo de deportação está uma tia paterna do presidente Barack Obama, Zeituni Onyango, que deixou o Quênia e vive em Cleveland ilegalmente há quatro anos.

A Casa Branca ainda está silenciosa sobre seus planos para o setor, mas em comunicado oficial já prometeu que vai “rever a política de Bush no que se refere a imigrantes”, exatamente como fez com vários setores. Pressionada esta semana em sua primeira visita ao Congresso desde que assumiu o cargo, a secretária Janet Napolitano, ex-governadora do Arizona, disse apenas que pretende reduzir o número de blitz de ilegais até que o processo de revisão da política de imigração tenha sido concluído.

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