A utilização da capacidade instalada da indústria recuou pelo quarto mês seguido, em janeiro, e chegou aos 78,4%, índice livre das influências típicas do período - é um ritmo igual ao fraco novembro de 2003. Em setembro de 2008, o nível de utilização da capacidade era de 83%. Esse é apenas um dos fatores que levarão a equipe do economista-chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, a revisar as perspectivas para este ano. Entre outras revisões, a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deve ficar próxima de zero. No fim de 2008, a CNI calculou que, em um cenário pessimista, o PIB teria expansão de 1,8% neste ano.
A reportagem é de Arnaldo Galvão e publicada pelo jornal Valor, 10-03-2009.
O recuo do uso da capacidade, segundo o economista, reflete o ajuste brusco da produção em função da forte queda da demanda em alguns segmentos, e porque investimentos feitos no passado estão sendo maturados e linhas de produção entraram em operação. "Houve aumento significativo da ociosidade da indústria", disse.
Na comparação dos indicadores de janeiro de 2009 com igual mês do ano passado, a CNICNI apurou quedas do faturamento (4,3%) e do emprego (0,7%), mas elevação das horas trabalhadas (1,3%). verificou que o faturamento caiu 13,4% e as horas trabalhadas foram 6,5% menores. O emprego teve recuo de 0,1%, mas a massa salarial elevou-se 2,1%. Na comparação dessazonalizada de janeiro deste ano com dezembro de 2008, a
Chamou a atenção dos economistas da CNI a queda de dois dígitos do faturamento em janeiro, porque movimento dessa magnitude não ocorria desde 2003. Na comparação com janeiro de 2008, as maiores quedas nas vendas foram nos segmentos da metalurgia básica (43,4%), dos produtos químicos (27,3%) e da madeira (25,3%). Apenas três áreas industriais apresentaram aumentos de faturamento - material elétrico e de comunicação (36,7%), vestuário (8,8%) e outros equipamentos de transporte (8,6%) - mas a CNI avalia que não é recuperação, mas mero efeito da comparação.
No indicador de horas trabalhadas, o recuo médio foi de 6,5% com relação a janeiro de 2008, mas os segmentos de madeira (32,1%), máquinas e equipamentos (14,6%) e veículos automotores (12,5%) tiveram as quedas mais intensas. Apenas três setores apresentaram elevação das horas trabalhadas em janeiro. Foram eles material elétrico e de comunicação (16,6%), móveis (2,5%) e outros equipamentos de transporte (0,2%).
Janeiro teve recuo de 0,1% no emprego industrial frente a janeiro de 2008, mas a CNI ressaltou que é a terceira queda seguida nesse indicador. De outubro a janeiro, a perda foi de 2,4%. As maiores quedas, na comparação com janeiro do ano passado, foram nos segmentos de madeira (16,3%), material elétrico e de comunicação (9,6%) e couros e calçados (8,7%).
O primeiro mês de 2009 ainda registrou elevação do emprego nas indústrias de outros equipamentos de transporte (6,4%), minerais não metálicos (4,6%) e alimentos e bebidas (3,7%). No caso de alimentos e bebidas, Castelo Branco comentou que é um exemplo de indústria que foi menos afetada pelas fortes restrições do crédito e do comércio exterior, o que pode ter refletido de modo positivo no emprego.
Assim como o emprego, a massa salarial é um indicador industrial que demora mais a responder à crise devido aos custos da demissão no Brasil. A elevação de 2,1% em janeiro, na comparação com o mesmo mês em 2008, ainda reflete, segundo a CNI, os ganhos salariais do aquecimento que 2008 teve entre janeiro e setembro.
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