"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

terça-feira, março 10, 2009

Bloom: Brasil, máquina do mundo

Site do Azenha - Atualizado e Publicado em 05 de março de 2009 às 11:33

Futuro na crise só brilha para Brasil, Índia e China, diz HSBC

Crise financeira tornou o conceito de economias emergentes 'irrelevante', acredita o estrategista do banco

Daniela Milanese - Agência Estado

LONDRES - A crise abriu um novo capítulo na história econômica e colocou três países como as novas máquinas do mundo: Brasil, Índia e China. No meio do caos traçado pelo HSBC, somente essas nações aparecem como candidatas a um "futuro brilhante", afirmou o estrategista-chefe do HSBC, David Bloom, em entrevista a jornalistas brasileiros em Londres.

"Estamos no meio de um incêndio na floresta, com muita fumaça e sem conseguir respirar", disse o estrategista-chefe do HSBC, David Bloom. "Mas, se olharmos para as montanhas, veremos beleza, pássaros e árvores, lá nós podemos ver o Brasil, a Índia e a China."

Ou seja, para ele, o caminho é perigoso, mas as perspectivas são boas para países com população jovem e economia dinâmica. Bloom compara o momento atual com o final da Segunda Guerra Mundial, quando as nações do G-10 emergiram como potências. Só que agora, a vez é dos BICs - sem o "R" porque os problemas enfrentados pela Rússia, como fuga de capital e desvalorização da moeda, tornam sua jornada mais difícil.

Outra mudança importante é que a crise tornou o conceito de emergentes "irrelevante", acredita o estrategista. No passado de liquidez, todos os ativos dessas nações se valorizaram, com pouca distinção entre eles. Agora, não é mais possível adotar o mesmo tratamento para países do leste europeu, Ásia e América Latina, pois as diferenças mesmo dentro de cada região são grandes. "A crise criou uma sofisticação, não deveríamos mais falar em emergentes."

Para o economista-chefe do HSBC, Stephen King, o aumento do poder de países em desenvolvimento fica evidente no momento atual com a proximidade da reunião do G-20, marcada para 2 de abril, em Londres. "O importante é que os países conversem entre si e sejam construtivos para manter o comércio e o sistema financeiro abertos", afirma. Ele acredita que esta é a solução para a crise, algo desafiador em meio a tantos pacotes de resgates mundo afora.

Para Bloom, os pacotes de socorro para os bancos podem trazer uma forma de protecionismo, que seria uma consequência preocupante. Isso porque os governos passaram a ter papel de comando em algumas instituições, com poder para definir inclusive o tipo de empréstimo a ser concedido. "Imagine que eu quero um financiamento para comprar uma usina de etanol no Brasil. Os contribuintes (do Reino Unido) devem me dar esse dinheiro?", questiona. O governo pode avaliar que a função de um banco nacionalizado é ajudar os negócios dentro do próprio país.

King acredita que o G-20 deveria discutir o funcionamento da política monetária, que mesmo com metas de inflação não funcionou de maneira apropriada para conter a expansão do crédito. Ao elevar os juros, o país acaba atraindo capital externo, que entra no sistema bancário e permite que as instituições emprestem mais livremente.

Ele sugere "controles quantitativos" para o sistema financeiro, com funcionamento anticíclico. Ou seja, a quantidade de capital que os bancos precisam manter aumentaria em períodos positivos e cairia nas épocas ruins.

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